Síndrome de Cotard: Os zumbis da vida real

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 Quando ainda estava na faculdade de medicina, Jesús Ramirez recebeu a visita de um paciente. Até aí, tudo bem. Porém, o estudante não contava com a reclamação do suposto enfermo, ele afirmava estar morto. O ano era 1995, e o paciente recebeu o diagnóstico de esquizofrenia. Anos se passaram e o jovem encontrou outros casos semelhantes. Ele os pesquisou a fundo, chegando a descobrir que aquele primeiro paciente tinha, na verdade, a síndrome de Cotard. A síndrome é denominada também como delírio da negação ou niilista, quando alguém questiona a motivação de sua própria vida.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o manual de diagnóstico da Associação Psiquiátrica dos Estados Unidos não certificam existência da doença. Porém, segundo o Dr. Ramirez, que hoje é psiquiatra, pessoas que sofrem da síndrome de Cotard são muito negativas e não possuem os mesmos aparatos que uma pessoa saudável para lidar com a realidade. Além de pensar que estão mortas, essas pessoas ainda podem apresentar delírios, como pensar que estar sobre feitiço ou bruxaria, e, além disso, podem acreditam que sejam imortais. Pode haver pacientes que não tenham a sensação de estarem mortos, assim como pode acontecer de ele sentir que esteja morto e seja imortal. Quadro clínico esse que pode levar a pessoa a cometer suicídio.
cotard
Segundo Ramirez, esquizofrênicos podem chegar a desenvolver o quadro característico da síndrome Cotard. Aqueles que apresentam quadros de depressão psicóticos, mal de Parkinson e doenças neurovasculares e infecções cerebrais também pode desenvolver o niilismo.
Para o pesquisador em ciência cognitiva Max Coltheart, a causa mais aceita é a de que mecanismos neurobiológicos são capazes de alterar a capacidade neuropsicológica de lidar com a realidade da mesma forma que uma pessoa em bom estado de saúde. Nesses casos, o paciente tem dificuldade em recorrer a sua memória emocional, não conseguindo lidar de forma equilibrada com as situações normais da sua vida, ocasionando assim estranhamento em relação ao corpo e também à identidade desse individuo. Há também a possibilidade de algum dano no sistema de crenças, já que nem sempre alguém que sinta despersonalizado conclui que está morto.
Até o momento, não há tratamento para a síndrome de Cotard. Mas, os pacientes podem ser submetidos a terapias que cuidam das doenças de base. Ou seja, se a causa for o mal de Parkinson, por exemplo, ele então vai receber cuidados que tentam mitigar o agravamento da doença. Após esse primeiro tratamento, muitos pacientes começam a frequentar terapias cognitivas comportamentais e interpessoais.


 

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